Como é a vida de quem move o mundo? E mais, como é para uma mulher enfrentar esses desafios e ainda o preconceito da sociedade por estar num meio tudo como masculino?
Por essas questões, convidamos a caminhoneira e Youtuber Daiane Cardoso, do canal Profissão Caminhoneira, para uma conversa.
Planeta Velocidade – Como você descobriu que queria ser motorista de caminhão?
Daiane Cardoso – “Meu Pai e meu irmão trabalhavam com Caminhão truck na época, e eu sempre acompanhava eles desde uns 5 anos de idade, aí foi nascendo um amor pelas máquinas… Amava trocar as marchas pro meu pai enquanto ele só dirigia e pisava nos pedais e eu fazia as trocas das marchas… cada ano que se passava tinha a certeza de que tudo aquilo ali era meu “mundo”.
PV – Você vem aparecendo bastante nas redes sociais pela profissão “inusitada” e por sua beleza. No início da sua carreira você sofreu discriminação por ser mulher e bonita num meio tão masculino?
Daiane – “Sim, sofri e ainda sofro, porém hoje com menos frequência, muitas vezes das próprias mulheres de colegas, elas não gostam muito. Olham de cara fechada, não procuram fazer amizade, mas existem exceções, com certeza.”
PV – Como é sua rotina no dia a dia agora com essa pandemia?
Daiane – “Minha rotina é normal, porem o que mudou foi somente o uso da máscara, porque o álcool em gel sempre passei nas mãos. É um costume que tinha pelo fato de estar sempre mexendo com dinheiro e banheiros estranhos. E no começo da pandemia que sofri um pouquinho, porque só tinha marmitas e não eram em todos os lugares“.
PV – Quais os perigos que vocês caminhoneiros enfrentam?
Daiane – “São vários, começando por estar em rodovias todos os dias com fluxo muito grande de caminhões, estradas com condições precárias que são mais fáceis para um acidente, sem acostamento, etc. Também o risco de assaltos, no meu caso conta muito o fato de transportar combustíveis, que é uma das cargas mais visadas pelos assaltantes“.
PV – Quais tipos de caminhões você já dirigiu e qual a maior potência em termos de motor você já teve em suas mãos?
Daiane – “Já trabalhei com Mercedes, Iveco, Volvo e Scania. O de maior potência foi o Scania R620 motor V8 que sempre foi um sonho. Graças a Deus pude a realizar”.
PV – Existe algum caminhão específico, que gostaria de guiar?
Daiane – “Não, eu acho que já sou realizada com os que já trabalhei e com esse que estou no momento! Se vier algum diferente será uma nova experiência, mas não que eu esteja esperando ou desejando. No meu ponto de vista, as coisas na vida são melhores quando vem de repente, a emoção é maior!“
PV – O que você pode falar do caminhão que dirige? Poderia nos falar sobre ele, ja que estamos falando de motores?
Daiane – “Eu creio que foi ou é um dos melhores que já trabalhei, ótimo em tudo, conforto, média, potência muito boa, enfim caminhão gostoso de trabalhar”.
PV – Como você vê a relação dos caminhões com relação ao automobilismo?
Daiane – “Vejo uma parceria, tipo “uma coisa puxa a outra”.
PV – Já participou de alguma etapa da Copa Truck ou Fórmula Truck, já extinta?
Daiane – “Sim, na cidade de Guaporé RS, na época não era motorista ainda. Isso faz já uns 13 anos”.
PV – O que é preciso para ser caminhoneiro(a)?
Daiane – “Amor por essa profissão seria a primeira etapa, depois vem a dedicação de aprender dirigir, manobrar. Se for o caso, aprender arrumar fretes, etc. O resto, com o passar do tempo, vai se encaminhando, tipo: conhecer as descargas; saber se deslocar de uma cidade a outra…“
PV – Você já está a 2 anos com seu canal no Youtube, sendo uma digital influencer. Acha que pode encorajar outras meninas a seguirem profissões tidas como masculinas? Como gostaria que isso acontecesse? E quais as dicas que você pode passar para quem quer iniciar?
Daiane – “Sim! Com certeza influencia bastante na fé e na coragem de outras meninas a seguirem a profissão, pois assim elas vêm que também podem porque já existem outras.
Creio que tudo acontece naturalmente, não tem como colocar uma previsão.”
As dicas seriam tenha foco no que você quer, não olhe os ventos, pois quem mais teme os ventos não planta. Não desistir no meio do caminho,pois as dificuldades virão, com certeza. Mas em tudo na vida é assim, então o negócio é lutar até chegar ao topo!“